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Sobrevivendo a um evento de nível de extinção

A vida na Terra experimentou períodos repetidos em que uma grande parte de suas espécies foi extinta, sendo seguida por uma recuperação e pelo surgimento de uma nova forma da árvore da vida.
Esqueleto de dinossauro no deserto © Mark Garlick/Science Photo Library/CORBIS

Os cinco principais eventos de extinção

Os eventos de extinção são períodos na história da Terra durante os quais ocorre uma diminuição acentuada na diversidade e abundância dos organismos vivos. Essa diminuição é medida pelas formas de vida facilmente observáveis, e não inclui as bacterianas (que constituem uma grande parte, talvez até a maior parte, da biodiversidade e biomassa da Terra). Durante esses períodos, a taxa de extinções excede em muito o ritmo normal e lento que ocorre de maneira regular à medida que novas espécies vão surgindo.
As pessoas que estudam as extinções são chamadas de geólogos e paleontólogos. Eles examinam a história do nosso planeta registrada em rochas sedimentares. Usam fósseis como evidência, especialmente fósseis marinhos, pois estes são os mais abundantes. Somente a partir da década de 1970 os cientistas concordaram que houve numerosos eventos de extinção; e somente a partir do início da década de 1980 eles entraram em acordo sobre quais foram os cinco principais destes eventos.
Erupção do Pico Sarychev, nas Ilhas Curilas, Rússia. Laboratório de Análise e Ciência da Imagem, Centro Espacial Johnson/NASA

A “cratera da destruição”

Um belo dia, cerca de 65,5 milhões de anos atrás, enquanto os dinossauros pastavam e caçavam ao redor do mundo, um objeto do tamanho do Monte Everest veio voando pelo espaço. Existia apenas uma janela de sete minutos durante a qual o caminho do objeto poderia cruzar com a órbita da Terra ao redor do Sol.
Embora as chances parecessem ser mínimas, o objeto atingiu a Terra (pode ter sido um cometa, feito de gelo sujo, ou um asteroide, feito de rocha). O objeto caiu perto da costa do que é hoje a Península de Yucatán, no México, a uma velocidade estimada de 150 vezes a velocidade de um jato comercial.
O impacto fez um buraco do tamanho da Bélgica, e lançou detritos que se ergueram na atmosfera e circularam ao redor da Terra. A colisão gerou tanto calor inicial que florestas continentais se incendiaram, o que depositou ainda mais partículas na atmosfera. Com os raios do Sol bloqueados pela fumaça e pelos detritos, a fotossíntese diminuiu ou parou, a temperatura esfriou e a quantidade de chuva diminuiu significativamente por pelo menos alguns meses. Plantas e animais morreram. Todos os dinossauros morreram, exceto alguns aviários que estavam a caminho de evoluir para aves. Estima-se que 75 por cento de todas as espécies desapareceram. Entre os sobreviventes estavam crocodilos, tartarugas e pequenos mamíferos semelhantes a roedores, que foram nossos ancestrais.
Os geólogos chamam esse evento de extinção de "evento K-T" porque ele marcou o fim de um período geológico, o Cretáceo (escrito com "K" em alemão), e o início do seguinte, o período Terciário.
Simulação gráfica da cratera Chicxulub na Península de Yucatán, México © Detlev van Ravenswaay/Photo Researchers, Inc.
Após anos de paciente trabalho de investigação, a história do evento K-T é agora bastante compreendida. Tudo começou em meados da década de 1970 com um jovem geólogo, Walter Alvarez, nas montanhas da Itália, perto da cidade de Gubbio. Lá ele encontrou uma fina camada de argila com um centímetro de espessura entre as camadas de calcário do Cretáceo e do Terciário. A camada do Cretáceo continha muitos organismos marinhos unicelulares fossilizados, enquanto poucos apareceriam na camada do Terciário. No estrato intermediário, os auxiliares de Alvarez encontraram irídio, um elemento extremamente raro na crosta da Terra, mas mais comum em meteoritos. Isso sugeriu o impacto de um asteroide ou cometa por volta da data da extinção. Em 1980, a equipe de Alvarez apresentou sua hipótese de que um asteroide/cometa havia atingido a Terra e causado uma extinção rápida e massiva ao alterar as condições do ar e da água. Outras pesquisas ao redor do mundo mostraram que havia altos níveis de irídio no registro de rochas de outros locais da fronteira K-T.
Em dois anos, esta evidência havia persuadido a maioria dos geólogos a aceitar a hipótese. Já outros não tinham tanta certeza. Se um enorme asteroide/cometa atingiu a Terra, onde estaria a cratera? Nenhuma depressão terrestre conhecida parecia grande o suficiente para um objeto tão grande; portanto, a cratera deve estar debaixo d'água. Grandes objetos que atingem a água criam enormes ondas de tsunami, que deixam sinais denunciantes no registro das rochas, às vezes bem no interior da costa. Uma pesquisa mundial encontrou evidências de um grande tsunami na costa do Texas, que cruzou o Golfo do México, vindo da Península de Yucatán.
Muito antes, em 1950, geólogos que trabalhavam para a companhia nacional de petróleo mexicana, PEMEX, mapearam uma cratera de 120 milhas debaixo d'água, na costa da Península de Yucatán. Para encontrar essa cratera, eles mapearam pequenas variações na força da gravidade, que refletiam variações na densidade das rochas. A partir desses mapas, os geólogos podiam dizer onde as rochas densas e leves estavam localizadas no fundo do mar. Mas só em 1991 os pesquisadores do K-T se reuniram com os geólogos da PEMEX, que não pensavam em publicar suas informações, e perceberam que a “cratera da destruição” já havia sido encontrada. Eles a chamaram de Chixculub (uma palavra maia pronunciada tchic-chu-lube), em homenagem à pequena cidade costeira próxima do local.

Outros eventos de extinção

Paleontólogos e geólogos identificaram outros quatro grandes eventos de extinção, todos eles anteriores à extinção do K-T. Nomeados de acordo com os tempos geológicos em que ocorreram, estes eventos são: Fim do Triássico, Fim do Permiano, Devoniano tardio e Ordoviciano.
Das cinco principais extinções, a do Fim do Permiano provou ser a mais vasta — a mãe de todos os eventos de extinção. Estima-se que 95% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres tenham desaparecido. Essa extinção durou cerca de 165.000 anos e incluiu tanto mudanças ambientais graduais quanto repentinas, que causaram grandes alterações nas condições da Terra.
Muito poucas criaturas sobreviveram à extinção no Fim do Permiano. As baratas sobreviveram — bem como as árvores de ginkgo e os caranguejos-ferradura. E assim também sobreviveram nossos ancestrais, pequenos protomamíferos que evoluíram dos répteis: eles eram peludos e tinham sangue quente, mas ainda botavam ovos.

Possíveis causas das extinções

Depois que a maioria dos geólogos e paleontólogos concordou que a causa da extinção do K-T foi um asteroide/cometa que atingiu a Terra, muitos deles levantaram a hipótese de que objetos vindos do espaço tinham sido a causa de todas as grandes extinções. Isso se provou falso quando estudos de camadas fósseis de épocas de extinções anteriores mostraram que as formas de vida haviam desaparecido gradualmente, e não repentinamente como mostrado nas camadas de sedimento datadas de 65,5 milhões de anos atrás.
A discussão sobre a causa das extinções em massa continua. Cientistas ainda não entendem completamente as razões de elas terem acontecido. Algumas explicações possíveis são:
  • Atividade vulcânica repentina e intensa, como evidenciada por vastas áreas de planícies de lava que coincidem com os eventos de extinção (vulcões emitem dióxido de carbono, o que resulta no aquecimento global; eles também emitem poeira e aerossóis que inibem a fotossíntese, causando o colapso das cadeias alimentares).
  • Alteração rápida do clima
  • Eventos de impacto ou de múltiplos impactos
  • Eventos anóxicos (camadas intermediárias ou inferiores do oceano que se tornam deficientes em oxigênio, ou que sofrem a falta dele)
  • Constante mudança na posição dos oceanos e continentes (placas tectônicas)
Parece provável que alguma combinação dessas possíveis causas possa ter ocorrido em determinados períodos. Em 2006, um paleontólogo respeitável, Peter Ward, levantou a seguinte hipótese como explicação para as quatro principais extinções, exceto o evento K-T:
Houve um aumento “repentino” de dióxido de carbono e metano na atmosfera, causado por vastos leitos de lava vulcânica. O mundo mais quente interrompeu os padrões de circulação dos oceanos e a posição das correntes que conduzem para baixo a água quente da superfície com oxigênio e para cima a água fria do fundo dos oceanos com menos oxigênio. Sem a mistura das camadas oceânicas, a água no fundo do mar tornou-se anóxica, ou seja, sem oxigênio. Isso permitiu que bactérias verdes de enxofre, que vivem de enxofre e não de oxigênio, se proliferassem. Elas produziram sulfeto de hidrogênio, que, ao borbulhar, provocou a morte de grande parte das formas de vida, bem como a destruição da camada de ozônio que protegia os seres vivos dos raios ultravioleta do Sol.
A discussão levantada por Ward e as conclusões de alguns outros cientistas sugerem que os seres humanos devem reduzir a emissão de dióxido de carbono, senão uma cadeia de eventos semelhante pode ser desencadeada.

Haverá uma sexta grande extinção?

Muitos biólogos concordam que uma sexta grande extinção está atualmente em curso. Esta é diferente porque é resultado da ação humana na degradação e destruição dos habitats de outras formas de vida. Esta extinção aparentemente começou há cerca de 50.000 anos, quando os seres humanos se mudaram para a Austrália e para as Américas, o que levou ao desaparecimento de muitas espécies.
Ninguém sabe quantas espécies há atualmente na Terra. A melhor estimativa é de cerca de 8,7 milhões de espécies, sem contar os microrganismos. Até o momento, apenas uma pequena fração dessas espécies estimadas foi identificada, mas novas espécies são constantemente descobertas e nomeadas.
Isso dá a impressão de que novas espécies estão aparecendo na mesma velocidade que antigas espécies estão desaparecendo. Um estudo de 2003 da World Conservation Union sugeriu que uma em cada quatro espécies conhecidas de mamíferos estará ameaçada de extinção nas próximas décadas, enquanto uma em cada oito espécies de aves estará sob risco de extinção.
Biólogos temem que, caso a tendência atual continue, 50 por cento de todas as espécies vivas conhecidas possam ter desaparecido até o final deste século.
Por Cynthia Stokes Brown

Fontes

ALVAREZ, Walter. T. Rex and the Crater of Doom. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1997.
ERWIN, Douglas H. Extinction: how life on earth nearly ended 250 million years ago. Princeton, NJ, and Oxford, UK: Princeton University Press, 2006.
WARD, Peter D. Under a Green Sky: global warming, the mass extinctions of the past, and what they can tell us about our future. New York: Smithsonian/HarperCollins, 2007.

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