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Fotorrespiração

Fotorrespiração é uma via dispendiosa que compete com o ciclo de Calvin. Ela começa quando a enzima rubisco atua sobre o oxigênio em vez do dióxido de carbono.

Introdução

Você tem algum amigo que, apesar de ser uma pessoa maravilhosa, tem algum tipo de defeito? Talvez ele seja muito enrolado, esqueça seu aniversário ou nunca se lembre de escovar os dentes. Você não deixaria de ser seu amigo por esses motivos mas, mesmo assim, de vez em quando você se pega desejando que ele se emendasse.
A RuBP carboxilase-oxigenase (rubisco), enzima chave na fotossíntese, é o equivalente molecular de um bom amigo com um defeito. No processo de fixação do carbono, a rubisco incorpora dióxido de carbono (CO2) em uma molécula orgânica durante o primeiro estágio do ciclo de Calvin. A rubisco é tão importante para as plantas que constitui até 30% ou mais da proteína solúvel em uma folha típica1. Mas a rubisco também tem um grande defeito: ao invés de usar sempre CO2 como substrato, ela algumas vezes captura O2.
Esta reação colateral inicia uma via chamada fotorrespiração, que, ao invés de fixar carbono, na verdade leva à perda do carbono já fixado como CO2. A fotorrespiração desperdiça energia e diminui a síntese de açúcar, portanto quando a rubisco inicia esta via, está cometendo uma gafe molecular séria.
Neste artigo, veremos porque a fotorrespiração acontece, quando é mais provável que ela ocorra (dica: pense em condições quentes e secas), e como ela realmente funciona.

A rubisco se liga tanto ao CO2 quanto ao O2

Como vimos na introdução, a enzima rubisco pode usar CO2 ou O2 como substrato. A rubisco adiciona qualquer uma dessas duas moléculas a qual se liga a um composto com 5 carbonos chamado de ribulose-1,5-bifosfato (RuBP). A reação que usa CO2 é a primeira etapa do ciclo de Calvin e leva à produção de açúcar. A reação que usa O2 é a primeira etapa da via da fotorrespiração, que desperdiça energia e "desfaz" o trabalho do ciclo de Calvin2.
O que determina a frequência com que cada substrato é "escolhido"? As concentrações relativas de O2 e CO2 e a temperatura são dois fatores chave.
Quando os estômatos de uma planta (poros foliares) estão abertos, o CO2 se difunde para dentro, e o O2 e vapor de água se difundem para fora, minimizando a fotorrespiração. No entanto, quando a planta fecha seus estômatos - por exemplo, para reduzir a perda de água pela evaporação - o O2 proveniente da fotossíntese acumula-se no interior da folha. Sob estas condições, a fotorrespiração aumenta devido à proporção maior de O2 em relação ao CO2.
Ademais, a rubisco tem uma maior afinidade pelo O2 quando as temperaturas aumentam. Em temperaturas amenas, a afinidade (tendência de se ligar) da rubisco pelo CO2 é cerca de 80 vezes maior que sua afinidade pelo O2.3 Contudo, em altas temperaturas, a rubisco tem menos capacidade de distinguir entre as duas moléculas e captura oxigênio com mais frequência4.
Concluindo, as condições quentes e secas tendem a causar mais fotorrespiração - a menos que as plantas tenham características especiais para minimizar o problema. Saiba mais sobre as "alternativas" vegetais nos vídeos plantas C4 e plantas CAM.

A fotorrespiração gasta energia e rouba carbonos

A fotorrespiração começa no cloroplasto, quando a rubisco liga O2 a RuBP em sua reação oxigenase. Duas moléculas são produzidas: um composto de 3 carbono.s, o 3-PGA, e um composto formado por 2 carbonos, o fosfoglicolato. O 3-PGA é um intermediário normal do ciclo de Calvin, mas o fosfoglicolato não pode entrar no ciclo, e portanto seus dois carbonos são removidos, ou "roubados", do ciclo5.
Para recuperar parte do carbono perdido, as plantas submetem o fosfoglicolato a uma série de reações que envolvem o transporte por várias organelas. Três quartos do carbono do fosfoglicolato que entra nesta via são recuperados, enquanto que um quarto é perdido como CO2.5
Veja no diagrama abaixo a comparação entre a fotorrespiração e o ciclo de Calvin normal, mostrando quantos carbonos fixados são ganhos ou perdidos quando 6 moléculas de CO2 ou 6 moléculas de O2 são capturadas pela rubisco. A fotorrespiração resulta em uma perda de 3 átomos de carbono fixados sob estas condições, enquanto o ciclo de Calvin resulta em um ganho de 6 átomos de carbono fixados.
A fotorrespiração definitivamente não é uma campeã do ponto de vista da fixação de carbono. Contudo, ela pode ter outros benefícios para as plantas. Há evidências de que a fotorrespiração pode ter efeitos fotoprotetores (impedindo que danos fotoinduzidos atinjam as moléculas envolvidas na fotossíntese), ajudar a manter o balanço redox nas células e manter o sistema imune da planta8.

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