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Curso: Biblioteca de Biologia > Unidade 13
Lição 4: Fotorrespiração: plantas C3, C4 e CAMPlantas C3, C4 e CAM
Como os caminhos de C4 e CAM ajudam a minimizar a fotorrespiração.
Pontos Principais:
- Fotorrespiração é uma via metabólica dispendiosa que ocorre quando a enzima rubisco do Ciclo de Calvin atua sobre o oxigênio em vez do dióxido de carbono.
- A maioria das plantas são plantas
, que não têm características especiais para combater a fotorrespiração. - As plantas
minimizam a fotorrespiração ao separar, no espaço, a fixação inicial de e o ciclo de Calvin, realizando estas etapas em tipos de células diferentes. - As plantas com o metabolismo ácido das crassuláceas (CAM) minimizam a fotorrespiração e armazenam água separando estas etapas no tempo, entre noite e dia.
Introdução
Rendimentos elevados em colheitas são muito importantes - para manter as pessoas alimentadas e também para manter a economia funcionando. Se você soubesse que houve um único fator que reduziu as colheitas de trigo em e as colheitas de soja em nos Estados Unidos, por exemplo, você ficaria curioso para saber que fator seria este .
Como se vê, o fator por trás desses números (reais) é a fotorrespiração. Esta via metabólica dispendiosa começa quando a rubisco, enzima fixadora de carbono do Ciclo de Calvin, captura ao invés de . Ela consome o carbono fixado, desperdiça energia, e tende a acontecer quando as plantas fecham seus estômatos (poros foliares) para reduzir a perda de água. Altas temperaturas tornam o processo ainda pior.
Algumas plantas, ao contrário do trigo e da soja, podem escapar dos piores efeitos da fotorrespiração. As vias metabólicas e CAM são duas adaptações - características benéficas resultantes da seleção natural - que permitem a certas espécies minimizar a fotorrespiração. Estas vias trabalham assegurando que a rubisco sempre encontre altas concentrações de , tornando bastante improvável a ligação com o .
No restante deste artigo, nós examinaremos as vias metabólicas e CAM e veremos como elas reduzem a fotorrespiração.
Plantas
Uma planta "normal" - que não tenha adaptações fotossintéticas para reduzir a fotorrespiração - é chamada de planta . A primeira etapa do Ciclo de Calvin é a fixação do dióxido de carbono pela rubisco, e as plantas que usam apenas este mecanismo "padrão" de fixação do carbono são chamadas de plantas , assim denominadas devido ao composto de três carbonos (3-PGA) produzido pela reação . Cerca de das espécies de plantas do planeta são plantas , incluindo o arroz, trigo, soja e todas as árvores.
Plantas
Nas plantas , as reações dependentes da luz e o Ciclo de Calvin estão fisicamente separados, com as reações dependentes da luz acontecendo nas células do mesófilo (tecido esponjoso no meio da folha) e o Ciclo de Calvin acontecendo em células especiais ao redor das nervuras. Estas células são chamadas de células da bainha do feixe vascular.
Para ver como esta divisão é benéfica, vamos olhar um exemplo de fotossíntese em ação. Primeiro, o atmosférico é fixado nas células do mesófilo para formar um ácido orgânico com carbonos simples (oxaloacetato). Esta etapa é realizada pela enzima PEP carboxilase, que não apresenta tendência para se ligar ao . O oxaloacetato é então convertido em uma molécula similar (malato), que pode ser transportada para o interior das células da bainha do feixe vascular. Dentro da bainha, o malato é quebrado, liberando uma molécula de . O é então fixado pela rubisco e transformado em açúcares através do Ciclo de Calvin, exatamente como na fotossíntese .
Este processo tem seu preço energético: ATP deve ser gasto para retornar a molécula de 3 carbonos "carregadora" da célula do feixe vascular e prepará-la para pegar outra molécula de atmosférico. Contudo, uma vez que as células do mesófilo constantemente bombeiam para o interior das células vizinhas da bainha do feixe na forma de malato, há sempre uma alta concentração de em relação a em torno da rubisco. Esta estratégia minimiza a fotorrespiração.
A via metabólica é usada em cerca de de todas as plantas vasculares; alguns exemplos são a milhã (ou capim caraguejo), a cana-de-açúcar e o milho. Plantas são comuns em habitats quentes, mas são menos abundantes em áreas mais frias. Em condições quentes, os benefícios da fotorrespiração reduzida provavelmente ultrapassam o custo em ATP de mover o da célula do mesófilo para a célula da bainha do feixe vascular.
Plantas CAM
Algumas plantas que são adaptadas a ambientes secos, tais como cactos e abacaxis, usam a via do metabolismo ácido das crassuláceas (CAM) para reduzir a fotorrespiração. Este nome vem da família de plantas, Crassulaceae, na qual os cientistas descobriram esta via metabólica.
Ao invés de separar as reações dependentes da luz e o uso do no ciclo de Calvin no espaço, as plantas CAM separam estes processos no tempo. À noite, plantas CAM abrem seus estômatos, permitindo a difusão do para o interior das folhas. Este é fixado em oxaloacetato pela PEP carboxilase (a mesma etapa usada pelas plantas ), e a seguir convertido em malato ou outro tipo de ácido orgânico .
O ácido orgânico é armazenado no interior de vacúolos até o dia seguinte. Na luz do dia, as plantas CAM não abrem seus estômatos, mas ainda podem fazer fotossíntese. Isto porque os ácidos orgânicos são transportados para fora dos vacúolos e quebrados para liberar , que entra no ciclo de Calvin. Esta liberação controlada mantém uma alta concentração de ao redor da rubisco .
A via CAM requer ATP em várias etapas (não mostradas acima), e assim como a fotossíntese , não é "grátis" em termos energéticos. No entanto, as espécies vegetais que utilizam a fotossíntese CAM não somente evitam a fotorrespiração, mas também são hidricamente muito eficientes. Seus estômatos abrem-se somente à noite, quando a umidade tende a ser mais alta e as temperaturas são mais frias, dois fatores que reduzem a perda de água pelas folhas. Plantas CAM são tipicamente dominantes em áreas muito secas e quentes, como os desertos.
Comparações entre plantas , e CAM
Plantas , e CAM utilizam, todas elas, o ciclo de Calvin para produzir açúcares a partir de . Estas vias para a fixação de apresentam diferentes vantagens e desvantagens e tornam as plantas adaptadas a diferentes habitats. O mecanismo funciona bem em ambientes frescos, enquanto as plantas e CAM estão adaptadas a áreas secas e quentes.
Ambas as vias, e CAM, evoluíram independentemente mais de duas dúzias de vezes, o que sugere que elas podem dar uma significativa vantagem evolutiva às espécies vegetais de climas secos.
Tipo | Separação entre a fixação inicial de | Estômatos abertos | Mais adaptado a |
---|---|---|---|
Nenhuma separação | Dia | Ambientes frios e úmidos | |
Entre mesófilos e células da bainha vascular (espacial) | Dia | Ambientes quentes e ensolarados | |
CAM | Entre a noite e o dia (temporal) | Noite | Ambientes muito quentes e secos |
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- Eu fiquei com uma dúvida sobre as plantas CAM, se os seus estômatos ficam fechados durante o dia e abrem-se somente a noite quando elas absorvem a luz solar?(5 votos)
- A abertura estomática não tem ligação com o processo de absorção de luz. A absorção de luz ocorre na fase clara/fotoquímica, ou seja, na fase clara a planta utiliza a luz e H2O para produzir ATP e NADPH2. Esses dois produtos + CO2 serão utilizados na segunda fase da fotossíntese (fase bioquímica), ou seja, vão entrar no ciclo de calvin. Esse artigo refere-se apenas a segunda fase da fotossíntese.(12 votos)
- As C4 parecem ter uma melhor adaptação, no entanto há mais plantas C3 no planeta. como explicar isso?(1 voto)
- Ao que parece, segundo o texto, o custo metabólico da Fotossíntese C4 é maior que o da Fotossíntese de plantas C3. Assim, em ambientes frios (que são a maior parte da superfície continental do planeta), essa adaptação é desnecessária.(3 votos)
- como funciona o ciclo C2?
e podemos "conciderá" que o ciclo c3 é fotorespiração?(1 voto)