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Conteúdo principal

Neurotransmissores e receptores

Diferentes classes de neurotransmissores e diferentes tipos de receptores aos quais eles se ligam.

Introdução

Você sabia que há bilhões de neurônios —e trilhões de sinapses— no seu cérebro incrível?1 (Sem dúvida você pode aprender qualquer coisa, inclusive neurobiologia!). A maior parte de suas sinapses são sinapses químicas, isso significa que a informação é carregada por mensageiros químicos de um neurônio para o outro.
No artigo sobre sinapses, nós discutimos como a transmissão sináptica funciona. Aqui, nós focaremos nos neurotransmissores, o mensageiro químico liberado pelos neurônios nas sinapses para que eles possam "conversar" com as células vizinhas. Nós também veremos as proteínas receptoras que permitem que a célula "escute" a mensagem.

Neurotransmissores convencionais e não convencionais

Existem muitos tipos diferentes de neurotransmissores, e ainda estão sendo descobertos novos! Ao longo dos anos, a ideia do que um neurotransmissor faz exatamente tem mudado e se ampliado. Como a definição se expandiu, alguns neurotransmissores recentemente descobertos podem ser considerados como "não tradicionais" ou "não convencionais" (em relação a definições anteriores).
Nós discutiremos esses neurotransmissores não convencionais no fim do artigo. Por ora, começaremos a discutir os convencionais.

Neurotransmissores convencionais

Os mensageiros químicos que atuam como neurotransmissores convencionais compartilham certas características básicas. Eles são armazenados em vesículas sinápticas, são liberados quando Ca2+ entram no terminal axonal em resposta à um potencial de ação, e atuam ligando-se a receptores de membrana da célula pós-sináptica.
Imagem adaptada de "The synapse," de OpenStax College, Anatomy & Physiology (CC BY 3.0).
Os neurotransmissores convencionais podem ser divididos em dois grupos principais: as pequenas moléculas neurotransmissoras e os neuropeptídeos.

Pequenas moléculas neurotransmissoras

As pequenas moléculas neurotransmissoras são (não surpreendentemente!) vários tipos de pequenas moléculas orgânicas. Elas incluem:
  • Os aminoácidos neurotransmissores glutamato, GABA (ácido γ-aminobutírico) e glicina. Todos são aminoácidos, embora o GABA não seja um aminoácido encontrado nas proteínas.
  • As aminas biogênicas dopamina, norepinefrina, epinefrina, serotonina e histamina que são sintetizadas a partir de aminoácidos precursores.
  • Os neurotransmissores purinérgicos ATP e adenosina, que são nucleotídeos e nucleosídeos.
  • A acetilcolina, que não se encaixa em nenhuma das outras categorias estruturais, mas é um neurotransmissor fundamental nas junções neuromusculares (onde os nervos se conectam com os músculos), bem como em outras sinapses.

Neuropeptídeos

Os neuropeptídeos são compostos por três ou mais aminoácidos e são maiores que as pequenas moléculas transmissoras. Existem neuropeptídeos muito diferentes. Eles incluem as endorfinas e encefalinas, que inibem a dor; a substância P, que transporta os sinais da dor; e o neuropeptídeo Y, que estimula a fome e pode prevenir convulsões.

Os efeitos do neurotransmissor dependem do seu receptor

Alguns neurotransmissores são considerados "excitatórios," provocando a deflagração de um potencial de ação no neurônio alvo. Outros são considerados "inibitórios," dificultando a deflagração de algum potencial de ação no neurônio alvo. Por exemplo:
  • O glutamato é o principal transmissor excitatório do sistema nervoso central.
  • O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do cérebro dos vertebrados adultos.
  • A glicina é o principal neurotransmissor inibitório da medula espinhal.
Contudo, "excitatório" e "inibitório" não são realmente dois compartimentos no qual podemos separar os neurotransmissores. Ao invés disso, um mesmo neurotransmissor pode, às vezes, possuir um efeito excitatório ou inibitório, dependendo do contexto.
Como isso pode ocorrer? Ao que parece, não existe somente um tipo de receptor para cada neurotransmissor. Em vez disso, um determinado neurotransmissor pode usualmente se ligar e ativar múltiplos receptores proteicos diferentes. Se o efeito de um certo neurotransmissor será excitatório ou inibitório em determinada sinapse, dependerá de quais de seu(s) receptor(es) estão presentes na célula (alvo) pós-sináptica.

Exemplo: Acetilcolina

Vamos tornar isso mais claro através de um exemplo. O neurotransmissor acetilcolina é excitatório na junção neuromuscular, no músculo esquelético, fazendo com que o músculo contraia. Em contraste, ela é inibitória no coração, onde reduz os batimentos cardíacos. Estes efeitos opostos são possíveis porque dois tipos diferentes de receptores proteicos de acetilcolina são encontrados nas duas localidades.
  • Os receptores de acetilcolina nas células musculares esqueléticas são chamados receptores nicotínicos de acetilcolina. Eles são canais iônicos que se abrem em resposta à ligação de acetilcolina, causando despolarização na célula alvo.
  • Os receptores de acetilcolina nas células musculares cardíacas são chamados receptores muscarínicos de acetilcolina. Eles não são canais iônicos, mas acionam vias de sinalização que inibem o disparo de potenciais de ação.

Tipos de receptores de neurotransmissores

Como o exemplo acima sugere, podemos dividir os receptores proteicos que são ativados por neurotransmissores em duas grandes classes:
  • Canais iônicos ativados por ligante: Esses receptores são canais iônicos proteicos transmembranares que se abrem diretamente em resposta a ligação do ligante.
  • Receptores Metabotrópicos: Esses receptores não são canais iônicos. A ligação do neurotransmissor ativa uma via de sinalização, que pode indiretamente abrir ou fechar canais (ou possuem algum outro efeito).

Canais iônicos ativados por ligantes

Os receptores de neurotransmissores de primeira classe são canais iônicos ativados por ligantes, também conhecidos por receptores ionotrópicos. Eles passam por uma mudança na forma quando o neurotransmissor se liga, causando a abertura do canal. Isso pode ser um efeito excitatório ou inibitório, dependendo dos íons que possam passar pelos canais e suas concentrações dentro e fora da célula.
Canais iônicos ativados por ligantes são grandes complexos de proteínas. Eles possuem certas regiões que são sítios de ligação para os neurotransmissores, assim como segmentos na membrana para compor o canal.
Canais ativados por ligantes tipicamente produzem respostas fisiológicas muito rápidas. A corrente começa a fluir (íons começam a atravessar a membrana) em dez micro-segundos após a ligação do neurotransmissor e a corrente para assim que o neurotransmissor não está mais ligado ao receptor. Na maioria dos casos, os neurotransmissores são removidos das sinapses muito rapidamente, graças às enzimas que quebram a ligação ou células vizinhas que os tomam.

Receptores metabotrópicos

A ativação de receptores de neurotransmissores de segunda classe só afeta a abertura e fechamento do canal iônico indiretamente. Nesse caso, a proteína que se liga ao neurotransmissor - o receptor de neurotransmissor - não é um canal iônico. Sinalização por meio desses receptores metabotrópicos depende da ativação de diversas moléculas dentro da célula e frequentemente envolve uma via de segundos mensageiros. Por envolver mais passos, a sinalização por receptores metabotrópicos é muito mais lenta que aquela feita por canais iônicos ativados por ligantes.
Alguns receptores metabotrópicos têm efeitos excitatórios quando eles são ativados (tornar a célula mais provável a disparar um potencial de ação), enquanto outros têm efeitos inibitórios. Muitas vezes, estes efeitos ocorrem porque o receptor metabotrópico dispara uma via de sinalização que abre ou fecha um canal iõnico. De maneira alternativa, um neurotransmissor que se liga a um receptor metabotrópico pode mudar como a célula responde a um segundo neurotransmissor que atua através de um canal ativado por ligante. A sinalização através de receptores metabotrópicos também pode ter efeitos sobre a célula pós-sináptica que, sobretudo, não envolvem canais iônicos.

Neurotransmissores convencionais e seus tipos de receptores

NeurotransmissorCanal receptor de íons ativados por ligantes?Receptor Metabotrópico?
Aminoácidos
GABASim (inibitório)Sim
GlutamatoSim (excitatório)Sim
GlicinaSim (inibitório)
Aminas Biogênicas
DopaminaSim
NorepinefrinaSim
EpinefrinaSim
SerotoninaSim (excitatório) Sim
HistaminaSim
Purinérgicos
AdenosinaSim
ATPSim (excitatório)Sim
AcetilcolinaSim (excitatório)Sim
Neuropeptídeos (muitos)Sim
Essa tabela não é uma lista abrangente, mas cobre alguns dos neurotransmissores convencionais mais conhecidos.

Neurotransmissores não convencionais

Todos os neurotransmissores que discutimos até agora podem ser considerados neurotransmissores "convencionais". Recentemente, várias classes de neurotransmissores que foram identificadas não seguem todas as regras usuais. Estes são considerados neurotransmissores "não convencionais" ou "não tradicionais".
Duas classes de transmissores não convencionais são os endocanabinoides e os neurotransmissores gasosos (gases solúveis, como óxido nítrico, NO, e monóxido de carbono, CO). Estas moléculas são não convencionais, pois não são armazenadas em vesículas sinápticas e talvez possam transmitir mensagens do neurônio pós-sináptico para o neurônio pré-sináptico. Além disso, ao invés de interagir com receptores da membrana plasmática de suas células-alvo, os neurotransmissores gasosos podem atravessar a membrana celular e agir diretamente nas moléculas dentro da célula.
Outros transmissores não convencionais serão provavelmente descobertos à medida que aprendemos mais sobre como os neurônios funcionam. Com a descoberta desses novos mensageiros químicos, talvez tenhamos que mudar ainda mais nossa concepção do que significa ser um neurotransmissor.

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