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Four Buddhas at the American Museum of Natural History
Uma conversa no Museu Americano de História Natural entre a Dra. Laurel Kendall, Curadora, Coleções Etnográficas Asiáticas e a Dra. Monique Scott, Diretora Assistente de Educação Cultural, em frente a quatro esculturas budistas: Buda sentado, século XVIII, latão fundido, dourado (Tailândia) Buda Sentado de Gandara com Alo Duplo, atribuído ao século III, xisto verde acizentado (Paquistão) Jizo, Kshitigarbha, Dhyani-Bodhisattao, século XIX, madeira, dourado (Japão) Budai (Ho t'ai)/Maitreya, O Buda Sorridente, cerca 1900, metal (China). Produzido pela Dra. Beth Harris e pelo Dr. Steven Zucker para Smarthistory na Khan Academy. Criado por Beth Harris e Steven Zucker.
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Transcrição de vídeo
(música suave, jazz, piano) Para mim, o que há de especial em
uma imagem de Buda, é com frequência seu sorriso: aquele belo
sorriso transcendente. E por trás do sorriso há a estória de como
Buda veio a sorrir. Ele buscava transcendência no sofrimento
humano, em todas as partes dessa jornada, desde o crescimento em uma vida
luxuosa até deixar os muros do seu palácio e encontrar quatro elementos que
alteraram sua vida para sempre: um cadáver, um homem doente, um homem
santo e um idoso. E através deles ele percebeu que a vida é
cheia de sofrimento. Ele se deu conta que o belo corpo de
um príncipe era na verdade um receptáculo de pus, urina
e excremento... O corpo ficaria doente, ficaria velho - e essas coisas não são permanentes. Aonde estava a libertação, a felicidade,
a salvação? E o que vemos nessa estátua é o momento
de entendimento. Sofrimento vem do desejo, desejo pode ser transcendente por atitudes
corretas e pensamentos corretos... Vemos o sorriso de libertação
em seus lábios, vemos a mão apontando para a terra,
chamando a terra para testemunhar seu descobrimento. É bom lembrar que o adorador iria olhar
para cima - o Buda é sagrado, a estátua é posicionada
acima em relação a nós, e ele sorri para nós em baixo, e nos dá uma
sensação de que podemos também superar a dor e sofrimento do mundo, e
nos submetermos a um lugar transcendente. Podemos ver que ele cresceu em uma vida
luxuosa, as orelhas alongadas, que revelam que ele deve ter
usado brincos realmente pesados. Mas as orelhas mostram algo mais; sim, os
lóbulos estão distendidos, sim, os lóbulos carregaram jóias, mas ele
também possui orelhas que o marcam como uma pessoa particularmente especial. Podemos ver vários "lakshanas", os quais
representam a iluminação de Buda, a "urna" entre seus olhos, que representa
o momento de conscientização espiritual, e o "ushnisha" no topo da cabeça, o
momento de iluminação. E também frequentemente vemos Buda
sentado em uma flor de lótus, um símbolo de superação da dor e de
obstáculos para alcançar a bondade, porque a flor de lótus vive na lama, e
eventualmente se purifica para tornar-se bela. Ele é frequentemente retratado nos mantos
de um monge. Alguém que deixou o mundo, que foi viver,
na estória de Buda, na floresta. Por toda a Ásia, monges com frequência
foram viver nas montanhas em monastérios. Eles se afastaram do estresse e das
tensões da vida social do dia a dia e da dor que existe entre nós. Esta é uma estátua tailandesa, e se você
olhar, verá o corpo pequeno de um belo e ágil príncipe
do sudeste asiático. Você vê a graça das mãos que podem até
lembrar o jeito de dançar na Tailandia. Portanto, mesmo que seja um Buda clássico,
é um tanto recente e não é da Índia. O Budismo é uma religião itinerante. O Budismo foi para o norte e para o sul. O Budismo do norte, as vezes chamado de
"Budismo Mahayana", o budismo do propagador maior. Budismo Theravada - bem, os Theravadas
reivindicam a forma original - para os Theravadas a iluminação é um
projeto de vida individual. O Budismo também foi para o norte, e lá a
iluminação é mais um projeto coletivo, o Budismo é mais um projeto coletivo. Um dos
meus antigos professores antigos costumava dizer: "Budismo Theravada é como chegar
ao nirvana de carro privativo, o Budismo Mahayana é como chegar ao
nirvana de ônibus público". Acho que prefiro
o ônibus público. Veremos como as estátuas diferentes
refletem os gostos e as características das pessoas que viveram em todos os cantos
diferentes por onde o budismo percorreu. Outro Buda, totalmente diferente, também
reconhecido como Buda, mas veja o manto elaborado e o cabelo,
a fisionomia. Sim, há uma boa razão porque esta
estátua é assim, e é um bom exemplo de como o budismo viajou.
Esta é uma estátua de Gandhara. Gandhara no Paquistão, na fronteira
Afeganistão - Paquistão, um lugar que é muito conturbado hoje. E, se você olhar para a estátua, verá os
pelos do rosto, as características, sugerindo algo em comum com as pessoas
que habitam esta parte do mundo, mas veja esse manto fluído, ele pode
lembrar uma estátua grega. A razão para tal, as pessoas acreditam, é
porque esta era a extensão mais oriental do império alexandrino, esta era uma parte
da Ásia com laços próximos ao mundo greco-romano,
e um lugar aonde estilos de escultura provavelmente foram influenciados por
essas tradições. Este Buda não está chamando na terra para
que testemunhem sua iluminação, esta é uma "mudra" diferente, uma postura
completamente diferente. E no entanto, ele ainda esteja na posição
de lótus, ele tem orelhas compridas, e aquela expressão meditativa
em seu rosto. Portanto agora, indo para o Japão, esta é
uma representação totalmente diferente. Para mim é um pouco.....austera? Quase
que intimidadora, O manto negro e o bastão em sua mão, apesar de perceptível por conta da flor
de lótus onde ele está em pé. E as orelhas compridas! Esta é uma figura
japonesa, muito elegante e austera, como você disse, mas este é
Jizo o Bodhisattva, e ele é na verdade uma figura
muito benigna. É novamente esta ideia de iluminação pelo
grande ônibus: Bodhisattva nos ajuda, Estamos aqui embaixo em um mundo de dor,
e há seres que colocam sua própria
transcendência para estar lá por nós. A figura mais popular é Guanyin, uma
Bodhisattva feminina, que em vários aspectos lembra uma mãe. Jizo é às vezes ligado com Guanyin, ele de
novo deixa de lado seu lado masculino. Mas Jizo, Jizo está lá no mundo dos mortos
para ajudar na passagem das pessoas. Não é um juiz do mundo dos mortos, não é
uma figura punitiva. Jizo diz: "Venha, aconchegue-se sob meu
manto que lhe ajudarei." Mas é associado com a morte, com o
mundo dos mortos... De forma positiva: "Como todos temos
que ir para lá, é melhor que seja com alguém
do nosso time." No Japão ele é muito associado a crianças,
como protetor de crianças. Você vê relicários para Jizo nos bairros. São comumente figuras populares, um pouco mais acessíveis que esta
estátua austera. E como ele é um protetor das crianças
mortas, haverá relicários japoneses de Jizo
nos templos, com várias pequenas figuras de Jizo que representam as
próprias crianças, e as pessoas oferecerão doces e balas
para eles. São lugares muito, muito comoventes. Minha nossa, que mudança radical do Buda
gordo e sorridente que vemos por toda a cidade de Nova Iorque! Pelo
mundo todo, em lojas, atrás dos táxis... Há uma boa razão para isso. Pois esse Buda
está associado com boa sorte, fertilidade e portanto, riqueza. Esse é o Buda que irá ajudá-lo com
este mercado peculiar; talvez as coisas mudem ao seu favor... Este é o Buda do futuro, há muitos Budas,
muitos seres iluminados, príncipe Sidarta, o Buda que acreditamos
ser o Buda, foi na verdade apenas um. Esse Buda em particular, Maitreya, o Buda
do futuro, é um ser que é uma figura apocalíptica, que significa tempos de mudança, e como conseqüência parece muito mágico. Ele inspirou a lenda de um monge que viveu
há mil anos atrás. Hotei, que viajou carregando um saco, como
Buda também teria carregado muitas vezes distribuindo bens para as pessoas,
doces para as crianças como diz a lenda, arroz aos adultos para seus campos,
quase uma figura como "Papai Noel". E na existência histórica do monge Hotei,
as pessoas provavelmente pensaram, "Ah, o Buda do futuro está entre nós." E então a lenda do monge torna-se igualada
com a ideia do Buda do futuro. Você encontra pessoas esfregando a barriga
do Buda para prosperidade, para riqueza e felicidade, E esse é um admirável exemplo de como
a religião torna-se responsável pelas necessidades das pessoas, como as
pessoas tiram ideias de lugares diferentes e as transformam, e apropriam-se delas,
fazem-nas falar por elas, para suas próprias necessidades, para seus
momentos (música suave, jazz, piano)